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21 de nov. de 2009

Humberto Maturana propõe o fim dos líderes e o resgate dos relacionamentos humanos nas empresas








Humberto Maturana propõe o fim dos líderes e o resgate dos relacionamentos
humanos nas empresas
30-Abr-2008

O chileno Humberto Maturana é médico e biólogo de formação. Sua compreensão da biologia humana levou a teorias que originaram o pensamento sistêmico, um dos fundamentos da moderna gestão empresarial.
Fátima Cardoso - Instituto Ethos 


Junto com Ximena Dávila, fundou e dirige no Chile o Instituto Matriztico, no qual trabalham com organizações humanas - sejam famílias ou empresas - a partir do que chamam de Matriz Biológica da Existência Humana.  Nessa matriz, entrelaçam-se a Biologia do Conhecer e a Biologia do Amar.

Humberto Maturana e Ximena Dávila estiveram recentemente no Brasil participando de um seminário promovido pela Fundação Nacional de Qualidade. Nesta entrevista, em que fizeram questão de falar juntos por não admitir hierarquia entre a dupla, explicam suas propostas de resgate do ser humano, da sua capacidade de amar e de se relacionar, e de como isso refletiria de maneira positiva nas empresas. Além disso, vêem o nascimento de uma nova era em que os líderes serão dispensáveis.

Instituto Ethos: O que é o pensamento sistêmico e como ele se aplica na gestão das empresas?

Ximena: Primeiro, faço uma pergunta a você: o que você entende por responsabilidade social empresarial?

IE: O Instituto Ethos é um pólo de organização de conhecimento, troca de experiências e desenvolvimento de ferramentas que auxiliam as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seus compromissos com a responsabilidade social empresarial. Para o Instituto Ethos, a RSE é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

Ximena: No que você me disse, há o pensamento sistêmico-sistêmico. Não é uma empresa flutuando no ar, é uma empresa em um espaço que a faz possível, que a faz sustentável, que lhe dá energia - o que tem a ver
com produtividade -, que faça sentido às pessoas. Isso vai fazer com que a empresa se mantenha assim. Porque se eu for vender trajes de banho na Antártida, vou me dar mal. Se tenho uma empresa produtiva, se
vendo algo, esse algo é um serviço à comunidade. Mas nós não falamos em "empresas privadas". Dizemos que todas as empresas são "públicas", porque têm de fazer sentido ao espaço social à que pertencem. Então,
quando falamos de "empresas privadas", falamos de algo que está fora do contexto da comunidade à qual pertence. E toda empresa pertence a uma comunidade, a comunidade é o que a faz possível. Você pergunta sobre o sistêmico. É o mesmo fundamento do que você nos disse, o olhar que você colocou foi o olhar sistêmico: são as empresas, as pessoas, o entorno, e a ecologia, ou seja, a biosfera. Isso implica ter consciência de um fluir sistêmico-sistêmico, que tem a ver com a dinâmica, com o acoplamento entre pessoas-empresa, empresa-comunidade, comunidade-biosfera.

IE: Vocês dizem que o pensamento sistêmico não é uma teoria. Por quê?

Ximena: O sistêmico não é um pensamento, uma teoria, é um modo de vida. Porque somos constitutivamente sistêmicos-sistêmicos. O que acontece é que nascemos como seres amorosos. Quando nascemos, como bebês, vimos com todas as anteninhas para viver acoplados em coerência com o mundo
natural. Mas vivemos em uma cultura que nos encaixota, que nos coloca na "adolescência", na "hiperatividade", na "ambição", no "sucesso", que nos categoriza. Tudo o que significa modo de vida começa então a desvanecer, a desaparecer. O que estamos dizendo não é convidar a um "pensamento sistêmico-sistêmico" como uma novidade, mas talvez recuperar em nós o que é constitutivo do ser humano. É que somos seres sistêmicos. Por exemplo, você fala da sustentabilidade, e a sustentabilidade, para que permaneça no tempo, implica que haja esta colaboração, o estar bem, o estar conversando.

Maturana: Queria propor um exemplo absolutamente cotidiano sobre a dinâmica sistêmica humana. Imagine que estamos na sala de uma casa com a mãe, o pai, os filhos, uma empregada, um conjunto de pessoas. E há um aquário. Um belo dia, o peixe desaparece. O que se transforma? Se transforma tudo. As crianças começam a perguntar onde está o peixe, e se antes tinham de buscar comida para ele, agora já não precisam mais, já não têm peixe. E a casa está diferente, porque o aquário não está mais lá. Tiramos uma coisa que parece tão simples, o peixe do aquário, e se transforma toda a casa. Até onde isso chega? Até onde estão
interconectadas essas pessoas no viver social. Essa é uma situação sistêmica. É isso que queremos dizer quando falamos que não é um pensamento, não é uma teoria, é um modo de vida, uma dinâmica relacional.

IE: E como isso se reflete nas empresas?

Ximena: Esse modo de nos relacionarmos faz com que uma organização crie bons produtos, faz com que as pessoas se mantenham mais tempo lá Portanto, a empresa se sustenta mais no tempo. O que acontece com
muitas empresas? Elas se transformam em universidade para as novas pessoas que chegam, que ficam um tempo ali e logo buscam outro lugar, porque esse lugar já não lhes proporciona o que elas desejam em
crescimento, em motivação, em capacitação, o que for. E por que não ficam? Muitas vezes não ficam porque não têm o sentido de pertencer

IE: Maturana, você diz que as empresas são comunidades humanas, espaço de colaboração e co-inspiração. O que significa isso? O que significam esses conceitos?


Maturana: Há várias maneiras de relacionar-se entre as pessoas. Algumas são de autoridade. Sou o chefe, os que me são subordinados me obedecem Os subordinados estão subordinados aos desejos, às ordens, às
aspirações dos chefes. O chefe diz "eu quero tal coisa", e isso é uma ordem. E o subordinado, sem questionar, faz. Essa é uma forma. A outra forma é que várias pessoas se encontram em um lugar e se movem com independência umas das outras, o que um faz não afeta os outros. E outras formas são aquelas nas quais diferentes pessoas interagem entre si, não em uma relação de autoridade e subordinação, não em uma relação de completa separação, mas fazendo coisas juntos. Este fazer coisas juntos pode conservar-se no prazer de fazê-las juntos ou derivar à subordinação ou à dispersão. Quando se conserva o prazer de fazer as coisas junto, se conversa. O que um diz não é uma exigência para os outros. É um convite, uma reflexão para gerar um fazer conjunto. Não se vive como isso uma ordem nem como indiferença, se vive como participação, um fazer de todos eles, no qual o que cada um faz é coerente com o que fazem os outros desde a autonomia, por meio da compreensão do que se está fazendo junto. Isso é o que queremos dizer quando falamos de colaboração. Esse espaço acontece em uma conversação, em uma co-inspiração. Por exemplo, aqui estamos juntos conversando, como resultado de uma co-inspiração. Em algum momento se sugere a
necessidade de uma reunião, e isso se converge no fato de que estamos juntos e nos escutamos. Não há uma relação de autoridade, não estamos dispersos, mas estamos fazendo algo juntos que é uma entrevista, uma
conversação, e tem um caráter que vai depender da natureza do que se faz. Mas, que está associado com o momento de estar aqui, de querer estar aqui, de fazer coisas que vão surgindo desta interação que não é
de autoridade, e que não é de dispersão.

IE: Vocês fazem uma certa crítica à idéia da liderança, em oposição à idéia da gerência co-inspirativa, pois a liderança seria baseada em obediência a uma autoridade. Mas, tanto nas empresas como nas escolas de gestão, fala-se muito sobre a necessidade da formação de líderes. Como vocês vêem essa necessidade da formação de líderes? E como essa idéia da gerência co-inspirativa é recebida pelas empresas quando vocês
a apresentam?

Ximena: As empresas que nos escutam são as empresas responsáveis, sérias e audazes. E a palavra é audaz, pois estamos convidando-as a uma mudança de era, passar da era da pós-modernidade à era da pós-pós-modernidade. A era da pós-modernidade é a era da denúncia, de dizer estamos mal, algo tem de mudar, temos as mudanças climáticas, estão morrendo espécies. Estamos como o discurso, mas estamos parados
no mesmo lugar. Passar à era da pós-pós-modernidade é passar à era da ação, à possibilidade de que surja o Homo Sapiens-Amans eticus, cuja ética central é seu viver e conviver. Para esta mudança de era, estamos
propondo o fim da era da liderança para entrar na era da colaboração e da co-inspiração. Quando falamos de liderança, estamos dizendo que há pessoas que vão guiar outros de alguma maneira. Acontece que no momento em que alguém guia, tudo nasce em sua mente. Mas, a palavra líder perdeu o sentido no mundo. Não é o líder, é o gerente a pessoa que tem mais responsabilidade, que co-inspira, que colabora. Você é gerente em uma empresa, e por ser gerente não é líder. Mas o que você faz na gerência co-inspirativa é convidar a inspirar-nos juntos, a colaborar em um projeto conjunto. Se eu sou o gerente co-inspirativo, para mim as pessoas são igualmente inteligentes, igualmente criativas, e as convido, inspiro, na direção desse projeto comum. Portanto, estamos convidando a uma mudança de era - passar da era da liderança para a era da colaboração e da co-inspiração em um projeto comum.


IE: Quem são esses tipos de Homo sapiens dos quais vocês falam?

Ximena: Há o Homo sapiens no sentido zoológico. Falamos em Homo Sapiens-Amans amans, Homo sapiens-Amans agressans e Homo Sapiens-Amans arrogans. Porque dizemos Homo sapien- Amans Amans? Porque nascemos como seres amorosos. Quando o chamamos de Agressans, ou uma pessoa que é agressiva numa relação, ela nasceu agressiva ou se transformou em agressiva pela cultura que viveu? Ela nasceu amorosa, como todos. E se transformou em um Homo sapiens-Amans agressans pelo modo de vida. E se
transformou em um Homo Sapiens-Amans arrogans pelo modo de vida. Mas nasceu amoroso, da mesma maneira que nascem todos os seres humanos.Maturana: Homo Sapien- Amans amans tem a ver com a origem do humano, com o conversar, com o que faz isso possível. No olhar zoológico, se fala do Homo sapiens, um ente zoológico. Estamos falando de um ente zoológico-psíquico, zoológico-relacional. É um animal que se constitui na história na conservação da linguagem e do conversar. E a emoção que faz com que seja possível que isso aconteça, na história evolutiva, é o prazer de estar junto, porque para que a linguagem surja, se reque permanecer na companhia dos outros.

(Envolverde/Instituto Ethos)

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20 de nov. de 2009

Nascimento e Morte







O HOMEM E A MORTE
(Edgar Morin, Editora Imago, 1997, 356p.)

Deve-se partir, sobretudo, não do caráter espantoso, paradoxal e escandaloso da morte em relação à ordem do vivo, e sim do caráter espantoso, paradoxal e escandaloso da vida em relação à ordem física. O problema primeiro é: visto que a organização físico-química está submetida a um princípio de degradação, desintegração e dispersão irrevogável, como é possível que haja vida? O estado “natural” é a dispersão que
sobrevém após a morte. Eis o paradoxo da vida.

As ciências do homem negligenciam sempre a morte. Contentam-se em reconhecer o homem pela ferramenta (homo faber), pelo cérebro (homo sapiens), pela linguagem (homo loquax). No entanto, a espécie humana é a única para a qual a morte está pres ente ao longo da vida, a única a acompanhar a morte com um ritual funerário, a única a crer na sobrevivência ou no renascimento dos mortos. Assim, a morte introduz entre o homem e o animal uma ruptura mais espantosa ainda do que a ferramenta, o cérebro, a linguagem.

A recusa da morte caracteriza o homem, que, assim, cria os mitos da ressurreição e da imortalidade. Esses mitos acalmam o traumatismo da morte, que é o traço mais característico do homem. A morte é, à primeira vista, uma espécie de vida, que prolonga, de um modo ou de outro, a vida individual.

A dor, o terror, a obsessão da morte têm um denominador comum: a perda da individualidade, o aniquilamento do ser. A idéia da morte não é nada mais do que a idéia da perda da individualidade, e o complexo d e perda dessa individualidade é traumático, visto que a morte destrói a consciência do ser.

Daí o homem forjar o mito da imortalidade, que nada mais é do que a firmação da individualidade além da morte. A afirmação incondicional do indivíduo é uma realidade humana primordial.

O homem vê-se, assim, revoltado com uma morte à qual não pode escapar, pois é próprio do ser humano a ânsia de uma imortalidade que ele deseja ver realizada.

Já os animais, por não serem dotados de uma consciência individual, “conhecem” a morte apenas como uma morte-agressão, uma morte -perigo, uma morte-inimiga na luta pela sobrevivência. Para os animais vale o instinto: é a espécie que conhece a morte, não o indivíduo. Nesse sentido, o animal é cego para a morte, pois ele não tem consciência, não tem idéias. A cegueira animal à morte é uma cegueira à individualidade.

A morte-perda-de-individualidade só os humanos conhecem.

É porque seu saber da morte é exterior, aprendido, não inato, que o homem é sempre surpreendido pela morte.

Já dizia Freud: “Sempre insistimos no caráter ocasional da morte: acidentes, doenças, infecções, velhice, revelando assim claramente nossa tendência a despojar a morte de qualquer caráter de necessidade, a fazer dela um fato puramente acidental.”

Assim, a morte aparece, de repente, como um acidente, um castigo, um erro, uma irregularidade.

Cada um de nós está firmemente persuadido de sua própria imortalidade, daí nossa recusa enganadora
da morte.

O fato de se aderir à atividade cotidiana, do dia-a-dia, elimina qualquer pensamento de morte. A vida cotidiana é pouco marcada pela morte: é uma vida de hábitos, de trabalho, de atividades corriqueiras. A morte só vem quando o ego a olha ou se olha a si próprio. A idéia da morte-destruição é, na vida cotidiana,
o tempo to do reprimida, transferida, m etamorfoseada.

Um processo fundamental de afirmação da individualidade se manifesta por meio do “desejo de matar” as individualidades dos outros. A afirmação da própria individualidade provoca a destruição absoluta das outras individualidades. Basta ver o processo de afirm ação da individualidade ao longo da história, que tem um aspecto terrivelmente bárbaro, isto é, assassino. O que é o escravo senão um morto para a sua afirmação individual? E as guerras, os holocaustos, os genocídios? Os reis são sempre acompanhados por subindividualidades: escravos, cortesãos, bufões, bajuladores... mortos-vivos grotescos.

A religião, que para Marx representa “o suspiro da criatura angustiada” e para Freud “a neurose obsessiva da humanidade”, tem o papel vital de refutação da morte. Ela difunde o otimismo que, por meio do mito da imortalidade, permite ao indivíduo ultrapassar sua angústia existencial. A religião é uma instituição que traduz a inadaptação humana à morte. Com a religião, o homem co nstitui para si uma visão cosmomórfica da morte, que, ao mesmo tempo, garantirá a imortalidade à nossa individualidade.

Ressuscitar é uma reivindicação essencial do indivíduo, e é para esse fim que a religião existe. Com a crença na sobrevivência pessoal após a morte, o indivíduo exprime sua tendência a salvar sua integridade além da decomposição física.

Os paraísos além -morte são transposições ideais e perfeitas da vida a que aspiramos. Nesses paraísos fictícios, a vida continua, semelhante à vida dos vivos.

A salvação implica a promoção da alma que quer sobreviver à ruína do corpo, e até garantir para si um corpo imortal. Ela também implica a intervenção salvadora de um deus que livra os homens da morte.

O deus da salvação é aquele cuja força de ressurreição o homem utiliza a fim de ressuscitar a si próprio. A salvação responde a uma exigência essencial do indivíduo, que teme a morte e quer ser salvo.

A transmigração das almas para um outro mundo afasta a destruição e integra a morte no processo da vida individualizada. O indivíduo, ser relativo, chega a se colocar legitimamente como absoluto, postulando a imortalidade para si.

Coincidindo com a angústia de morte e agravando -a, fazendo-a tropeçar de nada em nada, as descobertas das ciências esmagam e debilitam o indivíduo. A ciência desperta a consciência para os abismos que se abrem uns sobre os outros, devorando -se uns aos outros. As civilizações são mortais. A humanidade está fadada à morte. A Terra morrerá. E também os mundos e os sóis. E o próprio universo perecerá um dia.

Tudo remete o indivíduo solitário em sua existência a uma solidão cada vez mais miserável no vazio de um nada sem limite. Aquele que se sente estranho no mundo, e sente sua morte estranha a si próprio, só possui a si mesmo, última presença, último calor, e é exatamente esse si mesmo que vai perecer, apodrecer, morrer. A pessoa não pode fundar nada sobre a sua individualidade fadada ao nada.

A morte estrutura a vida humana, que é uma vida-para-a-morte. A finitude da temporalidade é o
fundamento da historicidade do homem.

Toda morte é solitária e única. A morte está na ossatura da individualidade do ser. Para que servem as afirmações religiosas de imortalidade, senão para afundar um pouco mais na angústia o homem, que não
pode crer nessas promessas infantis?

O homem esconde sua morte como esconde seu sexo, como esconde seus excrementos, como esconde suas mentiras. Dir-se-ia um anjo... Banca o anjo para recusar a sua finitude animal.
Absurdo o mundo, absurda a morte, absurdo o indivíduo. Tudo é absurdo.

* * *
ALGUNS PENSAMENTOS INQUIETANTES
* Nem o sol nem a morte podem ser olhados de frente.
* Tudo gravita em torno das estruturas da individualidade humana.
* A morte não é nunca o que dá sentido à vida, e sim, pelo contrário, é o que lhe tira toda a significação.
* A imortalidade é a nossa defesa mágica contra a morte.
* O homem vive no acaso.
* A vida está sempre beirando o desastre.
* A vitória do homem sobre o mundo biológico terminará com a morte – nosso fracasso derradeiro.
* Absurdo geral: tudo que existe nasce sem razão, prolonga-se por fraqueza, e morre por acaso.
* Após a morte, tudo acaba, até mesmo a morte.
* A morte é a lei da espécie.
* O frisson é o melhor daquilo que se encontra no homem.
* A morte é um sono sem sonhos.
* Este nada que somos é o ser puro absoluto.
* A origem da dor é a sede de existência.
* A angústia da morte nasce a partir do endeusamento de si mesmo.
* A morte niiliza a consciência.
* A morte é morte quando o ego está morto.
* A morte é o veneno do amor de si próprio.

17 de nov. de 2009

BIOPAMPA: CARTA DA TERRA

BIOPAMPA: CARTA DA TERRA

CARTA DA TERRA




A CARTA DA TERRA
PREÂMBULO



Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.


Terra, Nosso Lar


A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.


A Situação Global


Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.


Desafios Para o Futuro


A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.


Responsabilidade Universal


Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local.

Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humada e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade considerando em relaçao ao lugar que ocupa o ser humano na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.

12 de nov. de 2009

A educação a luz do pensamento de Maturana

A educação a luz do pensamento de Maturana
Elisabeth Rossetto
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE/Cascavel (PR).
Revista “Educação Especial” n. 32, p. 237-246, 2008, Santa Maria
Disponível em:
(Trechos extraídos em artigo publicado em revista sob o mesmo nome)


Maturana nos apresenta uma teoria sistêmica que tem fundamentos biológicos. A partir da biologia, fala do amor como emoção básica que caracteriza o modo de vida humano. O amor é o fundamento biológico do humano, pois é “a emoção central na história evolutiva que nos dá origem”
(MATURANA, 1997, p. 57).

Maturana (1998) observa que:

[…] o amor não é um fenômeno biológico eventual nem especial, é um fenômeno biológico cotidiano. Mais do que isto, o amor é um fenômeno biológico tão básico e cotidiano no humano, que freqüentemente o negamos culturalmente criando limites na legitimidade da convivência, em função de outras emoções (p. 67).

O amor, para ele, não especifica nenhum tipo de valor a ser cultuado. Não deve ser confundido como uma apologia, ou como preceito cristão ou religioso, mas como uma atitude epistemológica para a construção de uma aprendizagem que privilegie a cooperação que acontece na aceitação mútua, na aceitação do outro como legítimo outro. Faz a defesa de um modo de vida pautado na cooperação e não na competição, pois o viver pautado no ato de competir evoca a negação do outro, e não abre espaço para a aceitação mútua. Segundo o pensamento sistêmico, quando falamos em amor, aceitação mútua, cooperação não estamos tratando de conceitos, mas é um ato espontâneo, uma experiência que nos define como espécie evolutiva.

Para Maturana os seres vivos estão determinados em sua estrutura, mas encontram-se em constante processo de transformação graças ao papel atribuído à cultura e à educação como instrumentos mediadores para esse sujeito. Para tanto, caracteriza o sujeito como mutável ao dizer que:

A célula inicial que funda um organismo constitui sua
estrutura inicial dinâmica, aquela que irá mudando como
resultado de seus próprios processos internos, num
curso modulado por suas interações sociais. Segundo
uma dinâmica histórica na qual a única coisa que os
agentes externos fazem é desencadear mudanças estruturais
determinadas nessa estrutura. O resultado de
tal processo é um devir de mudanças estruturais contingente
com as seqüências de interações do organismo
que dura desde seu início até sua morte como um processo
histórico, porque o presente do organismo surge
em cada instante como uma transformação do processo
do organismo nesse instante. O futuro de um organismo
nunca esta determinado em sua origem. É com
base nessa compreensão que devemos considerar a
educação e o educar (1997 p. 28).

Portanto se faz necessária à aceitação do outro como legítimo outro, primando pela sabedoria de convivência, lidando com os erros como oportunidades de mudanças e atribuindo valores às ações, através de uma postura reflexiva no ambiente no qual se esta inserido. Um espaço reflexivo que permita ao sujeito se perguntar“como estou fazendo, como estou lidando com isso”, tomando a si mesmo como referência.

O educar se constitui no processo em que a criança ou o
adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se
transforma espontaneamente, de maneira que seu modo
de viver se faz progressivamente mais congruente com
o do outro no espaço de convivência. O educar ocorre,
portanto, todo o tempo e de maneira recíproca. Ocorre
como uma transformação estrutural contingente com
uma história no conviver, e o resultado disso é que as
pessoas aprendem a viver de uma maneira que se configura
de acordo com o conviver na comunidade em que
vivem. A educação como “sistema educacional” configura
um mundo, e os educandos confirmam em seu viver o
mundo que viveram em sua educação
(MATURANA, 1997 p. 29).

Carta às pessoas boas





Carta às pessoas boas
(escrita no local e período...Fortaleza, Natal de 2006)

Corinto era uma cidade portuária, com mais de 500 mil habitantes, na maioria escravos. Ganância e luxo predominavam gerando muita imoralidade. Os extremamente ricos viviam ao lado da miséria de milhares. Viver à moda de Corinto significava viver no luxo e na orgia.

Naquele contexto viveu o apóstolo Paulo entre os anos 50 e 52, ensinando em sua primeira Carta aos Coríntios sobre o dom maior de uma comunidade fraterna: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente”.

Visava ele contribuir para a reconstrução de o que, no século passado, o psicólogo humanista Abraham Maslow intitulou de uma Rede Eupsiquiana ou uma Sociedade de Pessoas Boas.
Segundo o apóstolo Paulo somente conseguiremos este intento com o profundo respeito aos outros, praticando o fundamento primeiro da verdadeira liberdade cristã. No seu texto bíblico Paulo canta o ágape dos gregos: “o amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho”.

Para alguns mais jovens ou não leitores da Bíblia, as palavras do apóstolo Paulo são adaptadas em “Monte Castelo” na voz de Renato Russo cantada na sua criatividade lírica: “... sem amor eu nada seria./ É só o amor, é só o amor/ que conhece o que é verdade/ O amor é bom, não quer o mal/ Não sente inveja ou se envaidece...”.

Os hinos ao amor não são encontrados somente na filosofia cristã. Em um texto do século VIII escrito pelo filósofo budista Shantideva, uma vida dedicada ao bem é cantada nas palavras de serventia ao outro: “Que eu me torne um protetor para os desamparados, um guia para os que andam pelas estradas, e, para os que querem atravessar as águas, que eu seja um barco, um navio ou uma ponte. Que eu me torne uma ilha para os que buscam terra firme, uma tocha para os famintos de luz, um lugar de repouso para os que assim almejam e um servo para quem precisar ser servido.”

No ocidente, as palavras de São Francisco são lembradas: “Onde houver ódio que eu leve o amor...”.

De um outro Paulo, o sentido de uma vida de respeito e serviço ao outro, ouvi recentemente, na frase que ele escutou de um padre que coordena caridosos (feitos de coração) projetos sociais na cidade de São Paulo: “Só deixei de chorar quando comecei a enxugar as lágrimas dos outros”.

Em meus ouvidos ecoam neste momento a sabedoria de Clarice Lispector: “Meu caminho não sou eu; é o outro, são os outros”.

Seja no oriente ou no ocidente, a emoção do amor é universal. Na perspectiva do biólogo chileno Humberto Maturana, “a emoção fundamental que torna possível a história da hominização é o amor. Sei que o que digo pode chocar, mas insisto, é o amor. (...) O amor é constitutivo da vida humana...”.

Muito antes do desenvolvimento da ciência, o apóstolo Paulo já apontara os caminho da hominização: se não tivesse o amor, o ser humano não seria nada.

Portanto, insiste Maturana: “Sem a aceitação do outro na convivência, não há fenômeno social”.

É chegado o momento de COM-viver. Que possamos reaprender o amor no ano que se aproxima.
Para os que desejam encantar os seus primeiros dias de 2007 com palavras de amor, recomendo duas belíssimas obras.
A primeira, Aprender o amor: sobre um afeto que se aprende a viver (Papirus Editora, 2005) do querido amigo, psicólogo e antropólogo brasileiro Carlos Rodrigues Brandão, que nesta obra prima nos adverte, “não é preciso renúncia e sacrifício pessoal para ser amoroso e solidário. É preciso, sim, um desvio do humano para ser agressivo e competitivo”.
O segundo livro, Os ensinamentos sobre o amor: desenvolvendo a capacidade de amar com alegria e compaixão (Editora Sextante, 2005) foi escrito pelo monge budista Thich Nhat Hanh, nascido no Vietnã e ativista da paz, de onde anotei: “O primeiro aspecto do amor verdadeiro é ‘maitri’, a intenção e a capacidade de proporcionar alegria e felicidade. Para desenvolvê-lo, temos que adotar a prática de olhar e ouvir do fundo do coração para sabermos o que fazer e o que não fazer para que os outros sejam felizes”.
Nesses dois volumes, várias das idéias que apresento aqui poderão ser aprofundadas e, espero, praticadas, para a reconstrução de uma Sociedade de Pessoas Boas.

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!
Um abraço de paz,
Francisco Silva Cavalcante Junior



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Este documento achei por acaso na internet, fazendo uma pesquisa sobre Maturana sua Teoria de Autopoiese, sobre cognição e a biologia do amor ou e a forma de linguagem e de como o do ser humano adquiri e apreende a conhecer e se comunicar. muito bom.

11 de nov. de 2009

Nasa inicia cruzada contra profetas do apocalipse




Seg, 09 Nov, 08h21WASHINGTON, EUA (AFP) - O mundo não vai terminar no dia 21 de dezembro de 2012, garantiu nesta segunda-feira a Agência Espacial Americana, em uma curiosa campanha para dissipar os temores provocados pelos profetas do apocalipse na Internet e pelo filme "2012", que será lançado em breve por Hollywood. O filme, dirigido por Roland Emmerich, com estreia prevista para o próximo final de semana, relata o fim da humanidade no solstício do inverno boreal de 2012, exatamente no dia 21 de dezembro, após uma série de catástrofes naturais. A data estaria ligada a um alinhamento dos planetas do sistema solar, algo de mau presságio, segundo a crença popular. Segundo vários profetas do apocalipse, o fim do mundo chegará quando um obscuro planeta, chamado de Nibiru e supostamente descoberto pelos sumérios, colidir com a Terra. Alguns sites acusam a Nasa de ocultar a verdade, mas a agência espacial qualifica estas histórias de "engodo da Internet". "Não há qualquer evidência para estas afirmações", destaca a Nasa em seu site. Se esta possibilidade de colisão fosse real, os astrônomos teriam detectado este objeto "ao menos durante a última década, e agora seria visível a olho nu. Obviamente, não existe". "Nenhum cientista sério do mundo conhece alguma ameaça para 2012", insiste a Nasa, recordando que a Terra existe há mais de 4 bilhões de anos. Um colisão com nosso planeta foi prevista inicialmente por alguns profetas para 2003, mas a data foi adiada para 21 de dezembro de 2012, que corresponde ao fim de um ciclo do calendário Maya. A agência destacou que as colisões catastróficas da Terra com corpos celestes são muito raras, e que a última ocorreu há 65 milhões de anos.

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9 de nov. de 2009

Anita Lima Andreu



Poema Enjoadinho

Vinícius de Moraes


Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

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Agora eu sei
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BEM LEGAUS

Bem Legaus!